Celebrações rebeldes: festa e resistência em contexto quilombola

Carla Ladeira Pimentel Águas

Resumo


Este artigo reflete sobre os vínculos existentes entre festa e resistência no contexto da cultura negra brasileira. Começa por explorar a história das festas no Brasil, de forma a selecionar alguns exemplos de tal vinculação. A seguir, concentra-se no exemplo empírico do quilombo de Mata Cavalo, situado no Estado de Mato Grosso, analisando dois aspectos vivenciados pela comunidade: em primeiro lugar, o papel da dança do Congo para o processo de reterritorialização dos quilombolas, décadas depois da  expulsão ocorrida nos anos 1940, a partir da qual a população permaneceu em diáspora. Em segundo lugar, a resistência festiva protagonizada pelas famílias durante um novo processo de expulsão, ocorrido em 2003, e a cristalização ritualística de um costume experienciado naqueles tempos difíceis – o uso do chá de plantas nativas – que foi perpetuado nas festas do quilombo. Partindo de uma perspectiva qualitativa e utilizando entrevistas e observações como instrumentos metodológicos, a presente proposta lança mão da história e da antropologia da festa para buscar demonstrar que esta, ao dramatizar as identidades, pode adensar o sentido de coletividade, imprescindível nos momentos de crise.

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