Redes de partidos políticos tecidas por financiadores: um estudo das eleições de 2010 no Brasil

Rodrigo Rossi Horochovski, Ivan Jairo Junckes, Edson Armando Silva, Joseli Maria Silva, Neilor Fermino Camargo

Resumo


Como investigar as conexões financeiras entre diferentes partidos políticos? O que elas revelam sobre as estratégias dos diferentes financiadores dos partidos nas eleições de 2010 no Brasil? Tais questões são respondidas neste artigo. Para tanto, analisamos 299.968 transações financeiras/relacionamentos entre 251.665 doadores e receptores de R$ 4.803.641.442,00 no referido pleito. A metodologia de análise de redes sociais (ARS) permitiu a projeção e investigação dos fluxos entre os financiadores e financiados que participaram do pleito em um enfoque complementar às perspectivas embasadas na análise estatística de atributos de candidatos ou grupos, presentes na maioria dos estudos de ciência política sobre o tema. Os resultados da pesquisa evidenciam uma função de triangulação de recursos exercida pelos agentes partidários e o empoderamento das direções partidárias no sentido de protagonizar a alocação de recursos vitais, tornando-se, assim, peças-chave no jogo político-eleitoral. Adicionalmente, financiadores de diferentes tipos priorizam objetivos distintos dentro da rede: pessoas físicas forjam comunidades partidárias com maior consistência ideológica; as comunidades construídas pelas empresas guardam relação direta com o desempenho futuro das agremiações no pleito; os partidos, quando doam, privilegiam a montagem de coligações que correspondem às coalizões vindouras de governo e oposição em nível nacional. As correlações entre financiamento e resultados eleitorais reforçam tais achados.

 

Texto completo:

PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.