Do sertão antigo à linha da cruz: temporalidades e processos de territorialização

Gabrielly Merlo de Souza

Resumo


Dois processos territoriais fundam a comunidade rural Linha da Cruz, situada no bioma da Caatinga, norte de Minas Gerais, Brasil: as políticas de colonização do sertão mineiro promovidas pela Ruralminas em 1974, deflagrando uma corrida pela regularização de terras e loteamento de áreas devolutas; e um processo anterior à chegada da Ruralminas, sobre o qual não há registros oficiais, mas que se mantém vivo na memória dos moradores antigos. Trata-se da chegada de posseiros de terra na década de 1930, advindos do rastro do gado, mito de origem que aponta para a constituição da identidade sertaneja. Na comunidade hodierna, um novo processo econômico marca os novos tempos: a entrada da economia dos biocombustíveis no modo de vida catingueiro. Em função do debate internacional que vem sido travado em torno das energias renováveis e do selo “combustível social”, a Petrobrás vem avançando sobre as áreas de caatinga, a fim de realizar contratos de compra/venda de matéria-prima com pequenos agricultores. Portanto, este artigo aponta para as diversas temporalidades que engendram a comunidade, tendo em vista seus processos de territorialização (Oliveira 2004) e os efeitos do avanço da economia de mercado sobre as práticas tradicionais de convivência com a caatinga.


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